Uma ótima quarta-feira a todos nós.
Hoje o poema O Navio Negreiro, escrito por
Castro Alves completa 147 anos.
O poema foi
escrito no dia 18 de abril de 1868, e é um dos meus favoritos.
Espero
que apreciem.
Grande abraço, e até amanhã com a coluna da
revisora Bernadete Bernardo.
Miriam
O Navio Negreiro – 147 anos
Castro Alves
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o
oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as
velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus
errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o
espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o
firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto
ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela
proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Antônio
de Castro Alves
Nasceu
em 14 de março de 1847 na Bahia e é considerado o último grande poeta do
Romantismo. Foi o escritor mais importante desta fase, a 3ª fase romântica
chamada Poesia Social.
Esta fase
que se iniciou, aproximadamente em 1860, é marcada pelas ideias liberais e
democráticas e pelo envolvimento dos escritores por questões políticas e
sociais. A obra de Castro Alves tem como características a indignação com
tantas opressões e a compreensão dos problemas sociais. Sua poesia também
possui um tom vigoroso e versos expressivos.
Castro
Alves recebeu o apelido de Poeta dos Escravos, pois é na poesia abolicionista
que ele melhor se sobressaiu. Nas obras Navio Negreiro e Vozes d’África o poeta
denuncia as injustiças e clama por liberdade.
A poesia
amorosa de Castro Alves é mais sensual do que o comum na época. A mulher
aparece envolvida em um clima de erotismo e paixão e está muito próxima a ele.
O amor, em suas obras, não é mais platônico.
Obras
- Gonzaga ou a Revolução de Minas
- Espumas Flutuantes (1870) única obra publicada em vida
- A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
- Os Escravos (1883) nesta obra está incluído o poema
- Espumas Flutuantes (1870) única obra publicada em vida
- A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
- Os Escravos (1883) nesta obra está incluído o poema
O Navio Negreiro também é conhecido como Tragédia no Mar.
Considerado um poema épico, foi escrito no dia 18 de abril de 1868, e
tornado público no dia 7 de setembro deste mesmo ano quando foi declamado
durante a sessão magna comemorativa da Independência.
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